Hoje, quem monta um negócio conta com uma miríade de opções para receber valores de seus clientes, incluindo boleto, maquininhas e sistemas digitais para cartões de crédito ou débito, smartphones, relógios inteligentes, além do novíssimo Pix, que foi lançado no final de 2020 e já tem mais de 117 milhões de usuários no país.
“O Brasil é um dos líderes mundiais em inovação em meios de pagamento”, afirma Wellerson Luiz Ferreira Sobral, Superintendente de Digital Cash Management do Itaú BBA, citando o Pix e o boleto bancário como dois sistemas lançados aqui bem antes de muitos países desenvolvidos.
Diante de tantas opções, qual oferecer aos clientes? Na opinião do executivo do Itaú, os empreendedores devem disponibilizar todas as modalidades utilizadas pelo seu público-alvo.
“Uma das piores experiências de compra que existem é você ouvir que aquele estabelecimento não aceita o seu meio de pagamento”, diz Sobral. “O empresário não apenas perde aquela venda, mas pode perder o cliente para sempre.”
De acordo com ele, embora os meios digitais venham se tornando cada dia mais prevalentes, um país com as dimensões e a diversidade do Brasil ainda reserva espaço para formas mais antigas de pagamento e crédito. Um exemplo é o cheque.
“Muitos caminhoneiros ainda recebem cheques como pagamento do frete, que vão utilizando na compra de combustível ao longo do trajeto”, ele diz. “E muita gente ainda utiliza o pré-datado no parcelamento de compras.”
As preferências nacionais
Uma pesquisa recente, realizada em parceria pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo Sebrae, mostrou que os meios de pagamentos digitais ganharam força durante a pandemia.
Esses estabelecimentos recebem a maior parte dos pagamentos à vista (66%). Já em lojas virtuais, prevalece o cartão de crédito (52%), principalmente para parcelar pagamentos (53% das vendas).
Outra revelação importante do estudo foi o alto índice de brasileiros que já fizeram pagamentos por aproximação, utilizando cartões ou celulares e relógios inteligentes com essa tecnologia.
Entre os usuários de cartões ou carteiras digitais, esse número chegou a 59%, sendo que a principal motivação citada pelos entrevistados foi a rapidez e a comodidade de não ter que digitar a senha – uma razão para não temer a adoção de novas tecnologias.
Mais uma opção bem avaliada pelos consumidores, principalmente para operações realizadas pela internet, foi a cobrança com QR Code, utilizada com frequência por 18% dos internautas. Nesse grupo, 63% elogiaram a rapidez e a praticidade dessa modalidade.
Para Marcos Cavagnoli, diretor de Digital Cash Management e Open Finance do Itaú Unibanco, os clientes esperam que os diferentes canais estejam conectados e unificados. “Para eles, não há diferença entre a loja na web, lojas físicas ou qualquer mercado”, afirma.
“Na prática, o consumidor final espera ter todos os meios de pagamento em todos os canais e para todos os serviços. Por exemplo, um estabelecimento comercial oferecer opções digitais, como links de pagamento, QR Code e mobile payments.”
Para o futuro, uma tendência apontada pelos especialistas é a incorporação das moedas digitais ao leque de meios de pagamento utilizados no mundo, mais um passo no processo de digitalização das empresas.
O diretor de Digital Cash Management do Itaú acredita que isso deve se popularizar não com as criptomoedas, como o Bitcoin, que apresentam alta volatilidade entre os empecilhos à sua adoção em massa, e sim a partir do lançamento das versões digitais das moedas oficiais dos países.
“Cerca de 80% das autoridades monetárias do mundo estão caminhando para fornecer a tecnologia”, conta Cavagnoli. “O Brasil estuda criar a sua CBDC [Central Bank Digital Currency, em inglês]. Assim, o real digital seria uma extensão da moeda física, sendo regulado pelo Banco Central. E, por isso, 100% seguro.”
Quando esse dia chegar, a história que teve início no dia em que um grupo de pessoas passou a atribuir um valor simbólico a um pedaço de metal cunhado a prego ganhará uma nova campeã de preferência. E os empreendedores passarão a contar com mais uma opção para oferecer aos seus clientes.