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Para obter sucesso num mercado competitivo, as lideranças das empresas têm de mudar a forma de pensar e de agir. Precisam abandonar a maneira tradicional de liderar, baseada no comando e no controle. E adotar outro tipo de liderança, focada na agregação de valor e na eliminação de desperdícios.
“Isso significa que a mudança tem de partir, antes de tudo, de uma transformação pessoal. É necessário abandonar as práticas baseadas em controlar e comandar de forma hierárquica e no manejo de números sempre à distância”, resumiu Robson Gouveia, gerente de Projetos do Lean Institute Brasil, entidade sem fins lucrativos que há 18 anos dissemina no Brasil o sistema lean, filosofia de gestão inspirada no modelo Toyota.
Gouveia é especialista na chamada liderança lean, que, segundo ele, pode ser resumida na expressão “liderar com respeito”, título do livro de Freddy e Michael Ballé, lançado recentemente no Brasil. Trata-se de um conceito que significa não apenas respeitar humanamente as pessoas, mas fazer com que cada um dos liderados tenha olhar crítico sobre o seu trabalho, buscando melhorá-lo. Para isso, Gouveia explica que o conceito de liderar com respeito está baseado em “7 princípios” que um líder deve adotar. São eles:
1. “Ir” e “ver”
O verdadeiro líder é aquele que “vai lá”, onde ocorre o trabalho, para “ver com os próprios olhos”. Assim, diz Gouveia, os líderes poderão entender o trabalho real, os problemas que ocorrem e como é possível ajudar o liderado a melhorar os processos.
“Muitas das revelações de uma minuciosa observação jamais estariam contidas em um relatório ou nas exaustivas reuniões em salas fechadas, longe do local de produção”, disse o especialista.
Para Gouveia, “ir e ver” deve se tornar uma prática diária da liderança lean. “As descobertas e os relatos dos líderes que trabalham ‘mentorando’ os liderados são altamente recompensadores”, afirmou ele.
2. “Desafiar”
Após “ir” e “ver” o trabalho dos liderados, entendendo o que se passa e quais são os problemas, o próximo passo do líder lean é desafiar seus liderados a fazerem constantemente seus trabalhos de forma mais eficiente.
Para Robson, a melhor maneira de desafiar liderados é “fazer perguntas” em vez de “dar respostas”. “Dar a resposta, como uma provável solução para um problema, tira das pessoas a oportunidade de refletirem sobre o problema por si próprias. Isso desestimula a pessoa, pois tira dela o sentido de posse da solução. Na liderança lean, a ideia é que todas as pessoas sejam solucionadoras de problemas e não apenas os líderes”, acredita o especialista.
A ideia é que quando as pessoas se sentem desafiadas a pensarem sobre os obstáculos, elas são encorajadas a evoluir e envolver outras pessoas para, juntas, encontrarem a melhor forma de trabalhar. “Isso permite um diálogo produtivo e cheio de descobertas”, disse Gouveia.
3. “Escutar”
Para o especialista, o verdadeiro líder mais ouve do que fala. Só assim, ele terá condições de mais perguntar do que responder. “O líder precisa gostar de ouvir ‘más notícias’. Saber ouvir é fundamental. Pois se o liderado for interrompido ou sentir desinteresse por parte do líder não vai se encorajar a revelar os problemas que o impedem de ter sucesso”, resumiu Robson.
Nesse contexto, “escutar” não significa “concordar”, mas reconhecer o ponto de vista de quem executa o trabalho. Só assim, será possível estimular os liderados a refletirem sobre seus problemas e buscar soluções.
4. “Ensinar”
O próximo passo do líder é saber ensinar. Nesse caso, ensinar as maneiras com que os liderados podem melhorar seus próprios trabalhos. “Isso significa estimular as pessoas a encontrar as causas-raízes de um problema antes de aceitar as soluções óbvias. O trabalho do líder é garantir que isso aconteça diariamente. Significa um processo de aprendizado dentro da empresa”, disse o especialista.
Para ele, é mínimo o tempo gasto nesse processo educativo nas companhias com gestão tradicional. “Sempre pergunto: ‘quanto tempo você investe para ensinar seus liderados a trabalhar melhor?’ E a resposta é quase sempre ‘muito pouco’”, diz Gouveia.
5. “Apoiar”
No conceito de “liderar com respeito” do sistema lean, “apoiar” tem significado muito preciso. Significa ter consciência sobre as dificuldades das pessoas no enfrentamento dos problemas que as cercam, mantê-las motivadas em suas iniciativas de melhoria e reconhecer seus esforços.
“O que seria de muitas invenções se na primeira frustração os líderes que as conduziram dissessem que nada funcionaria e que os experimentos foram inúteis? A empresa precisa funcionar assim, como se fosse um grande experimento científico”, acredita Robson.
6. Trabalhar em equipe
Outro problema da liderança tradicional é que ela vê a solução de problemas como um processo individual. No sistema lean, liderar com respeito significa ter visão coletiva sobre isso.
“O líder lean tem de estimular o trabalho em conjunto. Se as pessoas trabalharem juntas pela solução dos problemas, pelas melhorias dos processos, elas podem influenciar positivamente umas às outras”, acredita Gouveia.
Isso significa se reunir cotidianamente com o time de trabalho, não para procurar “culpados”, mas para fazer perguntas para a resolução de problemas.
7. Aprender 
Para Gouveia, a ponta final desse processo é uma liderança “aprendiz”, que no contato com os liderados aprende como estimular a melhoria contínua. “O líder lean nunca sabe se realmente possui a resposta certa. Estar ‘certo’, ter ‘razão’ não são atributos que o envaidece. O líder lean se abre para o aprendizado”, disse ele.
Para tanto, a liderança precisa aprender a disseminar frases como “eu não sei, mas vou procurar saber”. “O líder que sabe tudo, que tem todas as respostas, quase sempre leva suas equipes a ações equivocadas. Já o líder que diz “não sabemos, mas vamos descobrir juntos” traz muito mais resultados.
Para Gouveia, refletir sobre esses “7 passos” é essencial para líderes que buscam uma nova postura. “A essência disso passa por uma transformação pessoal por todos na empresa”, finaliza o especialista.

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